O movimento do mercado da soja sinaliza que o investidor está cansado dos intermináveis capítulos da novela comercial, das declarações vazias nas mídias sociais e da falta de avanços concretos nas negociações entre EUA e China.
Mais do mesmo – No início desta semana, a soja teve bons ganhos no pregão noturno após o presidente Trump prorrogar por 90 dias a trégua para o incremento nas tarifas de importação sobre produtos chineses.
Pensando bem – Porém, já no decorrer do mesmo dia, o mercado foi digerindo a notícia e constatou que embora aquilo pudesse ser um sinal de proximidade de acordo, na verdade era mais do mesmo. Ou seja: mais uma medida para postergar o que parece não ter um futuro promissor.
Olhar os fatos – Um exemplo disso foi a notícia de que a China se comprometeu a comprar mais dez milhões de toneladas de soja dos EUA. Mesmo que isso ocorra, o acumulado ainda ficaria bem abaixo do ano passado e da média. Além disso, o último alerta de venda de soja dos EUA para a China foi em 6/fev.
Fala muito, pouco faz – Não dá para esquecer que os chineses nem cumpriram aquela cota de cinco milhões de toneladas prometida a Trump no fim de 2018. E também é preciso lembrar que o pico da colheita na América do Sul se aproxima e a Argentina caminha para compensar grande parte das perdas no Brasil.
Nem assim – Para deixar o cenário ainda mais confuso, e mostrar como a soja anda fragilizada, hoje os contratos do grão nem conseguiram aproveitar a forte perda do dollar index, que foi ao nível mais baixo desde 5/fev.O S&P 500 deu uma pausa para retomar o fôlego.
Por Heitor Hayashi